Recital e Masterclasse com Duo da República Tcheca 29/03/2016 às 14:00
Recital e Masterclasse com Duo da República Tcheca
Data 29/03/2016 às 14:00 Recital, Masterclasse às 15:00
Local: Sala Guerra-Peixe / IVL / CLA
Programa
Jan Jiri Benda : Concerto para Violino (Grave)
Ludwig van Beethoven: Sonata para Violino e Piano op. 24 "Primavera " (Allegro)
W.A.Mozart: Sonata para em Mi menor Violino e Piano (Allegro)
F.Schubert: Sonatina em Lá menor op.137 nº 2 para Violino e Piano (Allegro moderato)
Antonin Dvorak :Peça Romântica op.75 nº 1
Sonatina para Violino e Piano op. 100 (Larghetto, Scherzo)
Bedrich Smetana: Dueto para Violino e Piano "Da Minha Terra "
Leos Janacek: Sonata para Violino e Piano (Balada )
Josef Suk: Quatro peças para Violino e Piano op. 17 nº 2 (Appassionato )
I.Sotolarova, piano
A. Kratochvilova, violino
Terras checas — cruzamento das culturas
É do conhecimento geral a tradição ancestral da desenvolvida cultura musical nas terras checas, tal como é inimaginável, desde há séculos, a vida musical europeia sem a profunda interligação entre os músicos checos e europeus. Não foi por acaso que ficou popular o ditado «Não há checo que não seja músico» que se referia à prática frequente de tocar música em casas das famílias burguesas checas.
Foi esse o caso de JAN JIRÍ BENDA(1686-1757), fundador da dinastia musical dos
Benda de 250 anos. Os seus cinco filhos tornaram-se músicos importantes na Boémia e em Alemanha. O andamento do concerto para violino Grave é obra do seu segundo filho JAN JIRÍ BENDA(1713-1752), mestre de capela ao serviço do rei prussiano Frederico.
Foi lendária a relação do compositor austríaco WOLFGANG AMADEUS MOZART(1756-1791) com a cidade de Praga, sendo-lhe atribuída a frase: «Os meus praguenses compreendem-me» que ilustra a recepção calorosa das suas obra em Praga onde teve lugar a estreia da ópera Don Giovanni, da Sinfonia op. 38 D-dur «Praguense»(ambas em 1787) e outras obras. As 626 obras musicais de Mozart estão representadas no nosso programa pelo I. andamento da Sonata em Mi menor para Violino e Piano.
LUDWIG VAN BETHOVEN (1770-1827) visitou Praga em 1796, hospedando-se no Bairro Pequeno, mas a sua estadia mais importante teve lugar no castelo de Hradec nad Moravicí dos príncipes de Lichnov (em 1806 e 1811), onde compôs algumas das suas sonatas para piano. Visitou também Karlovy Vary e Teplice onde se encontrou, em 1812, com Goethe. Uma das suas obras de câmara mais conhecidas é a Sonata para Violino e Piano op. 24, -chamada Primavera.
FRANZ SCHUBERT (1797-1828), cujos pais eram oriundos da Boémia, representa uma ponte imaginária entre dois estilos musicais. Conseguiu como nenhum outro compositor iluminar a obra dos seus antecessores clássicos com os elementos do vindouro romantismo, como se pode apreciar nos seus ciclos de lied ou na Sonatina em Lá menor op. 137 nº2 para Violino e Piano.
ANTONIN DVORÁK (1841-1904), grande compositor checo da segunda metade do século XIX, apresentou e dirigiu a sua própria música em Inglaterra durante as suas numerosas visitas deste país. Em 1892, partiu para os Estados Unidos da América onde dirigiu o Conservatório de Nova Iorque. Nas suas composições mais como a sinfonia Do Novo Mundo e o Quarteto Americano nota-se influência da música popular americana, tal como na Sonatina op. 100 para Violino e Piano.
Também outro destacado representante da música checa romântica e nacional, BEDRICH SMETANA (1824-1884), trabalhou no período de 1856 a 1863 no estrangeiro, na cidade sueca de Gotemburgo. Depois do seu regresso, fundou em Praga uma segunda escola musical (a primeira tinha sido fundada em 1848 com o apoio de F. Liszt para promover a música checa e apoiar deste modo o movimento da libertação nacional). Enquanto Dvorák costuma ser visto como o compositor checo mais "mundial", Smetana é o mais "checo". Além das óperas inspiradas na história checa, a ópera cómica A Noiva Vendida e o ciclo de poemas sinfónicos Minha Pátria, Smetana criou numerosas obras de câmara (Dueto para Violino e Piano "Da Minha Terra).
Dvorák e Smetana influenciaram os seus sucessores, entre os quais se destacou LEOS JANÁCEK (1854-1928) que se tornou um dos mais importantes representantes do estilo que se constituiu na música internacional no princípio do século XX. Janacek aproveitou na sua obra elementos da música popular, incluindo o ritmo do dialecto particular da Morávia setentrional de donde era oriundo. Foi fundador do Conservatório de Brno, autor de grandes óperas dramáticas (Jenufa, Katia Kabanova, O Caso Makropulos) e da música sinfónica e de câmara (Sonata para Violino e Piano).
JOSEF SUK (1874-1935), aluno e genro de Antonín Dvorák, foi um destacado compositor e intérprete, destacando-se de entre as suas composições a Sinfonia Asrael, composta sob influência da morte da sua mulher. Apassionato integra o ciclo de Quatro Peças para Violino e Piano, op. 17.
Além dos músicos representados, numerosos compositores e intérpretes mundiais relacionaram a sua vida ou obra com as terras checas, como A. Vivaldi, N. Paganini,F. Lizst ou P. Tchaikovski.
O nosso concerto de hoje pretende celebrar a longa existência deste «mundo sem fronteiras» que comunica através da música, uma língua compreendida por todos, e que nos convida a fazer uma paragem no meio do ritmo acelerado da nossa vida quotidiana para sentir a beleza e ouvir a nós mesmos.
Ingrid Sotolarova
Nasceu em Brno (República Checa). Começou os seus estudos de piano aos 5 anos. Entre 1972 e 1982 estudou no Conservatório Estatal de Música e na Academia Superior de Artes Musicais de Janácek (JAMU) em Brno, com a professora Inessa Yanichkova (professora licenciada em St. Petersburgo). Em 1982, obtém o Diploma Superior de Interpretação Pianista e de Pedagogia Musical e consegue uma bolsa para continuar os seus estudos no Conservatório Superior de Música de Kiev. Em 1983, entra como pianista acompanhadora de dança e ópera no Teatro Nacional de Brno. Foi membro da Sociedade Checa de Música, através da qual realizou dezenas de concertos como solista e fazendo parte de conjuntos de música de câmara. Entre 1990 e 1992 foi assistente especial no departamento de Cordas e Ópera da Academia Superior de Artes Musicais em Brno. De 1992 a 2006 residiu em Espanha (Galiza), onde desenvolveu trabalho pedagógico e de concertista. De 1999 até 2015 foi pianista acompanhadora em varias Escolas Profissionais em Portugal e assistente convidada em Universidade de Minho (Braga) e ESMAE (Escola Superior de Música, Porto).Actualmente se dedica a docencia em Academia de Música Valentim Moreira de Sá (Guimarães).É doutoranda das Artes Musicais na Universidade Nova Lisboa.Integra o Duo de violino e piano com Ana Kratochvílová e Trio Sonus Moravia.
Anna Kratochvílová
Violinista de origem checa,estudou o violino no Conservatório de Música em Kromeriz, a sua cidade natal, onde foi aluna do prof. A. Velimsky, discípulo do grande pedagogo checo, violinista O. Sevcík. Posteriormente frequentou JAMU (Academia Superior das Artes Musicais de Janácek) em Brno onde se licenciou. Mais tarde estagiou um ano no Conservatório de Rimski-Korsakov em St. Petersburgo. No seu país actuou como violinista da orquestra da Ópera Estatal da cidade de Ostrava e também como professora na Faculdade de Pedagogia da Universidade de Ostrava. Apresentou-se várias vezes como solista em recitais e integrou muitas vezes conjuntos de música de câmara. Incentivou e realizou a constituição da orquestra feminina de cordas Música Poética, tendo sido sua maestrina. Veio para Portugal em 1989, Desde então tem integrado vários conjuntos de música de câmara e simultaneamente a sua experiência musical e pedagógica é aproveitada por várias escolas de música deste país. Integra o Duo de violino e piano com Ingrid Sotolarova e Trio Sonus Moravia.
Inscrição para masterclasse pelo email: lucia.barrenechea@gmail.com