Aula Inaugural do PPGM com o escritor e musicólogo Vicente Salles
Convidamos para a aula Inaugural do PPGM com o escritor e musicólogo Vicente Salles.
Seguna-feira, 13 de agosto de 2012 às 14:00 na Sala Vila-Lobos.
Vicente Salles tem 24 livros publicados e cerca de 50 micro-edições, além de ensaios em obras coletivas. Um homem de muitas facetas: antropólogo de formação acadêmica, folclorista, historiador da cultura, musicólogo e a mais antiga faceta, poeta! Marena Isdbski Salles “Nasci numa vila no interior do Pará: Caripi, a vila. Um lugar elevado, bastante chuvoso no inverno. (...) Infância no interior do Estado, variando as paisagens, até os 14 anos. Aos treze anos vi uma esquisitice: um combóio de trem carregando os soldados que regressavam da guerra. Os soldados cantavam alegremente bonitas canções e diziam coisas tais que — “a cobra fumou”, etc. Achei a guerra um negócio bonito. O combóio foi-se embora, deixando os “heróis” do lugar. A cidadezinha ficou de novo tranqüila. A primeira revelação pura da poesia veio através da música. Um violinista tuberculoso era nosso vizinho. E era o fascínio dos meus oito anos sem tardes fagueiras. Gostava de me pendurar na janela do insidioso artista, e ouvi-lo, enlevado. Sarazate era o idolo de José Maria — o violinista. Quando José Maria morreu, herdei o seu violino. Taludo, minha família se mudou para Belém. Era a quadra dos estudos mais elevados: ginásio. Inaugurei a nova fase com uma bomba no Colégio Estadual. A época era difícil. Belém havia deixado de ser base aérea estrangeira; e percebi que se falava de guerra de um modo diferente do que eu imaginava antes. (...) 18 anos inadmissíveis. Conhecimento do mundo. Subversão total na poesia; evolução total na poesia; evolução nas idéias litero-sociais. (...) Às vezes, porém, achava que a vida era um engodo; considerava-me equívoco da natureza — e meditava diante das águas barrentas da Guajará. Reminiscência de Werther, lido na infância (quase diria tenra). Rio de Janeiro, 1955” Poemas extraídos da segunda edição da obra (aparecida originalmente na revista “Letras Fluminenses”, Niterói, em 1955 e em versão completa em 1964).