Necessidade de modelo em níveis
Como bem notou Fung em seu livro (FUNG, 2007) a transparência é uma qualidade que precisa ser nutrida, mantida e verificada para ter efetividade. Essa demanda leva a necessidade de que as organizações estejam aparelhadas para esse processo de implantar, manter e garantir transparência. Os trabalhos até aqui desenvolvidos (CAPPELLI, 2009) trouxeram luz à complexidade do conceito de transparência, pela enumeração de distintas características de qualidade que ajudam à transparência. No entanto, para a efetiva implantação de políticas de transparência é fundamental que se possa caracterizar e instrumentar processos para atingir metas desejadas.
Nesse contexto, é fundamental um modelo de avaliação que permita gestores e o público ter uma idéia do que há em termos de transparência na organização e que esforços são necessários para alcançar níveis de maior maturidade. Um modelo de avaliação permite distinguir onde estamos e para onde queremos ou devemos seguir. Conforme lembramos acima, uma primeira análise aponta para modelos de estágio, principalmente porque transparência é um conceito novo. No entanto, também já vimos que, face às características com que estamos lidando, estas podem ter graus de percepção distintos por diferentes públicos. Isso requer que o modelo de estágio seja flexível, de modo a levar em conta aspectos particulares de cada contexto onde será aplicado.
Outro ponto fundamental é que o modelo de avaliação sendo de conhecimento amplo, transparente, permite com que o público e os gestores organizacionais (públicos e privados) tenham um referencial do nível de maturidade existente em uma determinada organização. Isso permite evitar expectativas errôneas, permite planejar com um chão mais firme, e também deixa claro os limites que a organização pode colocar no nível de transparência.
Esse modelo de avaliação é indispensável para que o conceito difunda-se, bem como possamos ter um padrão para sabermos como as organizações encontram-se com relação às expectativas, bem como com suas organizações congêneres. O modelo ajudará na definição de processos de apoio à implantação das políticas de transparência nos níveis requeridos ou desejados e será útil para configurar os processos de apoio, como por exemplo, o processo para tratar da retroalimentação (comunicação do público com gestores) tanto para reportar desvios ou para reportar sugestões.